Escolho meus amigos não
pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas
pela
pupila. Deve ter brilho questionador e
tonalidade
inquietante. A mim não interessam os
bons de
espírito nem os maus
de
hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta,
quero
meu
avesso. Que me
tragam dúvidas e
angustias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco. Quero os
santos, para que não duvidem das
diferenças e peçam perdão pelas
injustiças.
Escolho meus amigos
pela alma lavada e pela
casa
exposta. Não quero só ombro ou colo, quero também
sua maior alegria. Amigo que não ri
junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são
todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos
previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos
sérios, que fazem da
realidade sua
fonte
de
aprendizagem, mas
lutam para que a imaginação não desapareça. Não
quero amigos
adultos e chatos. Quero-os
metade infância e metade velhice. Crianças
para que
não
esqueçam o valor do vento no
rosto, velhice para que nunca
tenham pressa.
Tenho amigos
para saber quem sou. Pois os vendo
loucos e
santos, bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me
esquecerei de que a "normalidade" é uma
ilusão.
Fonte: http://capitulosl295.blogspot.com.br/2012/08/meus-amigos.html
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